Reconectando o Radiohead

Thom Yorke entra na sala do bufê nos bastidores da American Airlines Arena, em Miami, usando uma camiseta escura, calça jeans vermelha justa e um sorriso torto. “Estou me sentindo silenciosamente empolgado – e silenciosamente nervoso”, diz o líder do Radiohead enquanto prepara uma xícara de café. Yorke chegou tarde, ontem, da Inglaterra – seus olhos ainda estão pesados por causa do jet lag – e ele deve subir ao palco em breve para o último ensaio do Radiohead antes do lançamento da maior turnê da banda britânica desde 2008: 58 shows em dez meses na América do Norte, Europa, Ásia e Austrália.

A abertura é aqui, amanhã à noite. “Tudo – a produção, as novas luzes, o repertório – ainda é um trabalho em andamento”, comenta Yorke. “Mas está finalmente começando.” Logo depois ele é ouvido aquecendo a voz atrás de uma porta fechada, ensaiando escalas em um trinado agudo e preciso, sustentando notas em “aaaahs” longos e limpos. O Radiohead não está apenas iniciando uma turnê – está revelando um renascimento. O grupo está encerrando uma das eras mais desafiadoras e confusas de sua carreira: quase três anos de silêncio em público e caos privado durante os quais o Radiohead lutou com a reinvenção e seu futuro. Fez algumas de suas mais belas músicas em seu álbum menos popular, The King of Limbs, do ano passado, mas não o promoveu e ficou longe da estrada, sem saber ao certo como ou se poderia ser uma banda ao vivo novamente. “Ainda estamos nos debatendo”, admite Yorke, sentado em um dos camarins da banda. Ele relembra as primeiras sessões de ensaio para esta turnê. “Fiquei apavorado, falando: ‘Ah, não, não vai dar tempo. Quero fazer muitas coisas novas’.”

Só que no palco, um pouco depois, Yorke e o restante do Radiohead – o baixista Colin Greenwood, os guitarristas Ed O’Brien e Jonny, irmão mais novo de Colin, o baterista Phil Selway e o novo segundo baterista Clive Deamer, que tocou com o grupo no ano passado – soam exuberantes e confiantes enquanto apresentam “Bloom”, de The King of Limbs. O que no disco parecia um enigma envidraçado de loops e encarnação fantasmagórica agora é água corrente, organizada na nova formação de seis músicos como uma fúria de ritmos e guitarras agudas abafadas. “Morning Mr. Magpie” também está mais pesada e rápida do que a versão de Limbs, enquanto “Meeting in the Aisle” – uma faixa instrumental das sessões de OK Computer, de 1997 – é tocada com um tempero novo, como surf music turca com um passo de trip-hop.

O Radiohead trabalhou mais de 75 músicas para os shows de 2012, incluindo material composto durante ensaios no começo deste ano no estúdio da banda, em Oxford. Algumas inéditas serão tocadas hoje, “Identikit” e “Cut a Hole”. Yorke, 43 anos, descreve a primeira como “alegre, lenta, mas com uma batida instável de hip-hop”. Ele sorri. “Essa rastejou até o topo e virou líder da turma.” Colin, 42 anos, está empolgado com outra nova, “Full Stop”, particularmente a parte “onde a voz de Thom se transforma neste falsete incrível. A música simplesmente decola”.

Em uma entrevista antes do ensaio, Yorke credita a renovação ao vivo do Radiohead à entrada de Deamer, que veio de outro grupo britânico, o Portishead. “Ter mais um músico para revisitar coisas antigas foi tão importante quanto compor coisas novas”, afirma Yorke. Ele está jogado no sofá, mas sua voz vibra com uma energia incansável. “Ao longo do caminho”, diz, “você descarta músicas, porque só consegue fazê-las de uma certa maneira. É bom ter um novo sopro de vida nelas. Ninguém precisa perguntar: ‘Como é aquela música mesmo?’. É: ‘Como podemos melhorá-la agora?’” O melhor exemplo neste ensaio é a faixa-título de Kid A, de 2000. Gravada no auge do ódio de Yorke pelo convencionalismo das bandas de guitarras, “Kid A” mal era uma música – parecia uma nuvem de efeitos sonoros com Yorke cantando através de um vocoder como uma criança-robô. Hoje, ela soa imensa e metálica, um raio de duas baterias em duelo com um temperamento impactante e clássico nos acordes de piano, tocado por Jonny. “Era uma antimúsica”, afirma O’Brien no dia seguinte, em um salão com vista para o mar no hotel do Radiohead. “Agora, é algo mais acolhedor, especialmente o final. De repente, há um nascer do sol.” Por muito tempo, cóem muitas músicas da banda, admite, “nada podia ser genuinamente belo. Jonny sempre foi brilhante quanto a jogar uma guitarra dilacerante nas coisas”. “É bem o que somos – e Clive trouxe isso”, diz O’Brien, 44 anos. “Quando os Beatles contrataram [o tecladista] Billy Preston, não disseram que todos começaram a se comportar direitinho?”, ele diz, rindo. “Ter alguém decompondo a energia – isso é algo bom. Acabou com os velhos hábitos de todo mundo.” Ele continua: “Você escuta isso o tempo todo. Essas bandas dizem: ‘Estamos na melhor fase de nossa vida’. E não fazem música muito boa. Fico relutante em dizer isso. Não é nossa melhor fase. É uma fase diferente – e boa. Não há a sensação de uma banda nova. Parece uma banda que se conhece.”

Fonte : Rolling stone

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Artikel Reconectando o Radiohead ini dipublish oleh @Rafael pada hari terça-feira, 15 de maio de 2012. Semoga artikel ini dapat bermanfaat.Terimakasih atas kunjungan Anda silahkan tinggalkan komentar.sudah ada 0 komentar: di postingan Reconectando o Radiohead
 

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